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Afinal, o que é a agricultura biológica? Uma perspectiva histórica - parte I.

Ultimamente o mundo - ou quiçás nós próprios - tornou-se demasiado rápido para permitir que pensemos nos conceitos que nos chegam e ficam a pairar, e que insistem em ficar e ocupar um lugar nesse mundo.

Um desses conceitos é o de biológico, ou de agricultura biológica (AB).

Se fizermos uma pesquisa rápida, temos um conjunto de definições que a tentam enquadrar, como por exemplo a ausência de uso de químicos de síntese. Mas afinal o que significa isso? Já pensou nas suas implicações? Nas suas causas e consequências? Porque é que se começaram a usar produtos químicos? Para quê?

Talvez a chave para a compreensão completa do conceito em questão tenha a ver com entender um pouco de história. História da humanidade e, consequentemente, da agricultura, nas suas diversas vertentes.

A agricultura começou, tanto quanto se sabe, há 10.000 ou 12.000 anos, quando os povos nómadas descobriram que algumas bagas quando enterradas poderiam gerar uma planta que daria mais bagas. Isto aconteceu em locais onde havia alta fertilidade e as condições edafo-climáticas o permitiam, tanto quanto se julga, seria no delta do Nilo (Egipto), no crescente fértil (antiga Mesopotâmia - entre os rios Tigre e Eufrates) e no vale do rio Amarelo na China. Outras áreas no mundo haverá onde também surgiu, provavelmente no continente americano ou noutras zonas de África.

Os métodos usados eram muito semelhantes àqueles usados actualmente em AB - não existiam sementes transgénicas, sendo que a forma de melhor escolher era a selecção das mesmas por observação e conservação daquelas que interessavam, fosse por serem maiores ou mais pequenas, por terem melhor sabor ou por serem mais resistentes. Também eram usados fertilizantes naturais e os métodos de produção eram respeitadores do meio ambiente, porque não havia outra forma.

Pode-se inferir, portanto, que a origem da agricultura biológica foi a mesma da agricultura no mundo, sensivelmente há 10.000 anos, no período Neolítico.

Esta forma de agricultura foi substituída nas décadas de 50 e 60 do século XX, depois da segunda guerra mundial. E perguntam, o que tem a segunda grande guerra a ver com a agricultura? Muito. Especialmente com dinheiro. E com fome.

Foi durante a primeira guerra mundial (1914-1918) que se começaram a desenvolver armas químicas. Estas seriam usadas massivamente no período de 1939-1945.

Um dos primeiros compostos descobertos foi o DDT, em 1874, mas só em 1939 se descobriram as suas propriedades insecticidas. Inclusivé foi dado um prémio Nobel por causa do dito composto e da descoberta das suas propriedades. Foi usado como agente de combate à malária e ao tifo, mas deixou de ser usado em grande escala, tendo sido proíbido nalguns países no momento em que se evidenciaram as suas propriedades carcinogénicas, teratogénicas e o seu poder cumulativo no organismo. A título de curiosidade, ainda é usado nos dias de hoje em diversas regiões do planeta.

Voltemos ao dinheiro. As indústrias que desenvolveram as armas químicas e os explosivos viram-se subitamente sem fontes de rendimento e com um investimento considerável nas mãos. Perguntaram-se como poderiam reconverter esse investimento. Ora, à época, existia, especialmente na Europa, carências e fome.

Consegue imaginar o que se passou a seguir?

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